Fala, batuqueiros e batuqueiras! Hoje, trazemos aqui uma matéria especial sobre a incrível musicista Larissa Umaytá, que, dentre muitos assuntos, falou sobre as mulheres na percussão em nosso podcast.

No sexto episódio de Batuqueiros, cuja gravação você pode conferir AQUI, a percussionista ainda contou como entrou no mundo da música, revelou as principais dificuldades enfrentadas e deu conselhos aos jovens músicos.

Interessado? Então leia a matéria abaixo e, logo depois, ouça o podcast também. 🙂  

O início

Primeira batuqueira do nosso podcast, Larissa nasceu em Sobradinho, cidade satélite de Brasília, no Distrito Federal. A hoje percussionista, produtora e educadora deu os primeiros passos na música ainda pequena, influenciada pelo avô, o Seu Teodoro, que trouxe o Bumba Meu Boi do Maranhão para Brasília.

Larissa conta que a família inteira sempre gostou de samba. Seus parentes tocavam na noite, mas não viviam exclusivamente da música. Ela cresceu em um caldeirão sonoro regado a churrascos e muito som.

Por volta dos 17 anos, Larissa entrou em seu primeiro grupo de pagode, que, apesar de não ser profissional, já fazia apresentações na região. Nessa época, ela ainda não almejava a música como ganha-pão, era apenas um hobbie.   

Abandono e retorno

Aos 19, ela deixou o grupo de pagode e abandonou a música, focando em outras áreas de sua vida. Entrou na faculdade de artes plásticas, mas deixou o curso. Pouco depois, passou a trabalhar em um banco com carteira assinada.

Certo dia, ela compareceu a uma apresentação musical de seu irmão em um bar tradicional de samba. Surpreendendo Larissa, Paulinho Felix (do grupo Menos é Mais) a convidou para subir ao palco e dar uma canja. Não teve volta. Desde então, Larissa e a música não se separaram mais.

Por volta de 2011, a jovem passou a fazer contatos com outros artistas, entrando de cabeça no cenário musical profissional de Brasília. Larissa, então, sentiu a necessidade de estudar para evoluir ainda mais como musicista e entrou na escola do Clube do Choro, onde descobriu o pandeiro de couro.

“Na época, eu tocava pandeiro de nylon. Porém, quando conheci o pandeiro de couro, esse instrumento incrível mudou a minha vida, a minha história e a minha visão de mundo”.

O pandeiro de couro, inserido na linguagem do choro e da música instrumental, abriu um novo mar de possibilidades na mente de Larissa. Novos caminhos surgiram, e ela agarrou a oportunidade com toda a força, conquistando o reconhecimento que tem atualmente.

Leia também: Qual pandeiro escolher: couro ou nylon?

O poder da decisão

Mas nada foi fácil, meus amigos. Vocês conhecem aquela frase “a vida é feita de decisões”? Pode parecer clichê, mas a trajetória de Larissa é a prova disso. Após voltar a tocar e receber o primeiro cachê, ela percebeu que poderia investir a vida profissional apenas na música. Cheia de coragem, decidiu, então, viver de música.

“Todos desejam ser músicos, mas pouca gente quer de fato viver da música. Viver da música exige muito da gente, pois ela é ingrata e tira algumas regalias de nossa vida”, conta a percussionista.  

Viu só? A virada de chave na vida de Larissa foi uma simples (e poderosa) decisão. Por isso, esteja atento aos “sins” e “nãos” que você tem dado às oportunidades da vida. 

Mulheres na percussão

Esse é um tema que Larissa gosta muito de abordar. Ela, que começou a tocar ainda criança dentro das tradições populares, revela que não há musicistas no espectro regional. “As mulheres não devem tocar, só dançar”, diziam os homens mais velhos para ela.

O universo machista, no entanto, não impediu a pequena Larissa de lutar pelo que acreditava. Mesmo tendo de enfrentar uma luta a cada vez que tocava, ela se impôs perante os homens e não largou a percussão.

Sim, Larissa cresceu sendo uma resistente. “Eu tive que provar de forma dobrada que eu era capaz. Não por ser muito jovem, mas por ser mulher”. Larissa acredita que o universo da música, no geral, é, sim, machista. Mesmo sendo em menor número do que os homens, há mulheres percussionistas no Brasil e no mundo que recebem pouquíssimas oportunidades.

“Eu tive a chance de mostrar o meu trabalho, mas tenho a certeza de que, se eu tivesse errado na minha primeira oportunidade, eu não estaria ocupando o lugar em que estou hoje”, garante.

Momento impactante

Vencidos esses obstáculos, Larissa coletou os frutos de seu esforço. Para ela, todas as experiências que a música lhe proporcionou foram incríveis, seja uma canja em um pequeno bar ou um show em um grande palco.

No entanto, ela destaca o seguinte momento como um dos pontos altos de sua carreira: gravar o quadro Churrasquinho, do canal do famoso grupo de pagode Menos é Mais, no qual dividiu o palco com verdadeiros ídolos.

Aliás, falando de ídolos e referências, Larissa cita primeiramente o avô, os pais e o irmão, que a ensinaram a valorizar e dar prioridade à cultura musical de forma geral. Júnior e Thiago Viégas, que foram professores de Larissa, também tiveram um impacto positivo na carreira dela, assim como Valerinho Xavier, grande músico de Brasília, e Roberta Valente, a primeira referência feminina no pandeiro para Larissa.

Presença na internet

De acordo com Larissa, a internet possibilita que os músicos atuais se mostrem de maneira mais fácil do que antigamente. Aliás, ela sabe investir na internet como poucos. Olha só: você sabia que Larissa tem um curso online de pandeiro? Pois é, e está bombando! Para ela, o pandeiro é o melhor instrumento para adentrar o mundo da percussão. Se você ficou interessado, clique aqui.

Apesar de ter um canal no Youtube bastante forte, o Instagram de Larissa é a principal mídia social dela no momento, um verdadeiro cartão de visitas. “Eu fecho a maioria dos trabalhos por causa do Instagram”, confessa. “Sempre penso na minha carreira na música como uma empresa que tem vários setores: existe a Larissa artista, a Larissa empreendedora, a Larissa educadora, a Larissa produtora e por aí vai”.

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Conclusão

Convidada a deixar uma mensagem final aos novos músicos, Larissa não titubeia: “É preciso sempre estar em movimento e aprender coisas novas. Seja como for, lembre-se de que a música é o maior agente de transformação e conexão social que existe. Batuqueiros e batuqueiras, resistam. Eu sei que está difícil, mas vai melhorar. Continuem, não parem, pois a hora de todo mundo chega”.

Bacana, né? Fique ligado no podcast Batuqueiros, pois novas entrevistas estão saindo do forno.

Um abraço, até a próxima!

Fernando Paul

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