Fala, batuqueiro! Tudo tranquilo?!

Vem cá.

Quantas vezes nos pegamos numa roda de samba a sorrir e a cantar, mas nem sequer sabemos, exatamente, tudo que o que nossos antepassados tiveram que passar para que, hoje, pudéssemos usufruir de boa música e liberdade.

Talvez, alguém, ouvindo daí do fundo, grite: mas ainda há preconceito!

E eu concordo. Existe muito a ser trabalhado ainda. No entanto, não se tem como negar que hoje o samba e o pagode se tornou história, mas não apenas isso, como também identidade do povo brasileiro.

E é sobre isso que falaremos hoje.

Como começou o pagode?

Hoje em dia, através da educação formal, muitos estudam esse ritmo. Mas é valido lembrar que o pagode é uma tradição oral.

Necessariamente, quando falamos de pagode, nos referimos a uma linguagem composta por técnicas básicas e ritmos e, só depois de trabalhar elas juntas poderá, então, praticar o idioma.

Muitas pessoas, me vendo falar isso, se indagariam: mas o que isso tem a ver com o começo do pagode?

É simples, meu bom!

Eu digo: que estudo teve os pretos em sua senzala?

Pois bem, meu amigo, foi no sofrimento da escravatura que eles tiravam tempo para se deliciar com batuques e gingados que hoje proclamamos nosso! E que, de fato, é!

Essa é nossa história.

O desdobramento do pagode

O pagode sempre foi sinônimo de festa, meu bom.

Mesmo nas senzalas os escravos se ajuntavam para fazer uma batucada na medida em que dançavam capoeira. No entanto, foi no subúrbio carioca que o pagode ficou conhecido como é hoje: uma festa com muita bebida, comida, alegria e cantoria.

Nos fundos dos quintais de suas casas, famílias, amigos e vizinhos se juntavam para cantar canções que remetiam às suas histórias de vida, trabalhando em cada composição os altos e baixos que viviam, ou seja, as alegrias e lamentos que compartilhavam em sua lida.

Grandes nomes da música brasileira, inclusive, nasceram justamente por conta dessa manifestação cultural que irradiava expressividade ao ponto de, até mesmo, serem tratados em clássicos da literatura como “Capitães de Areia”, de Jorge Amado que, em certas partes, aborda a malandragem levando seu cavaquinho e fazendo batuque para, nas palavras de Jorge Amado, “arrematar as negrinhas de Salvador”.

O pagode na grande indústria da música

Foi no fim da década de 70, no bairro de Ramos, que o pagode começou a se consagrar ao ponto de iniciar a sua caminhada ao sair do fundo de quintal de suas casas, para ganhar seu espaço em grandes estações de rádios, gravadoras e, até mesmo, canais de televisão.

Quem acredita que apenas pessoas anônimas frequentavam essas festas, está muito enganado. Sambistas a jogadores de futebol, nos finais de semana, marcavam aquele som que até hoje é conhecido do nosso povo, para que, depois de uma semana cansativa, pudessem sorrir, beber, cantar, brincar.

A madrinha do pagode, Beth Carvalho

Apesar desse reconhecimento por parte de grandes nomes do esporte brasileiro, foi com Beth Carvalho, numa quarta-feira de 1987, que o pagode começou a aparecer na mídia.

Tudo isso aconteceu por conta do ex-volante do Vasco da gama, na época presidente do time do Vasco, Alcir Portela, que convidou a cantora Beth Carvalho para a quadra do bloco Cacique de Ramos a fim de participar e conhecer um grupo de pagodeiros que impressionavam com seus batuques e composições.

O nome desse grupo era “Fundo de Quintal”, cujo um dos principais vocalistas foi o Almir Guineto que, em sua época, também foi ex-diretor de bateria da Escola de Samba Unidos do Salgueiro.

Nessa década de 70, através do encontro de diversos encontros de sambistas em várias partes do Rio de Janeiro, ainda no mesmo bairro de Ramos, um toque e uma batida mais energética foram dando ar próprio ao pagode que, através da incorporação de novos instrumentos como o tantã, o repique de anel, criados pelos integrantes do grupo Fundo de Quintal: Sereno e Almir Guineto, conquistou não apenas o povo brasileiro, mas a crítica.

E foi esse um dos principais motivos que fez Beth Carvalho trabalhar e fazer participações históricas envolvendo o grupo Fundo de Quintal e o pagode.

A madrinha do pagode diz ter gostado do som da mistura do samba com outros ritmos africanos davam a musica, incorporando, isso, também em seus trabalhos.

E, assim, ela começou a gravar músicas desses, na época, não tão famigerados compositores. Mais tarde, ela acabou revelando grandes nomes do pagode como: Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Grupo Fundo de Quintal e Almir Guineto, dentre tantos outros.

PAGODE DOS ANOS 90

Hoje em dia existem dois tipos de pagode.

Uma é o prosseguimento dos trabalhos feitos por estes grandes nomes que revolucionaram todo um mercado em sua época (Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal etc.), trazidos à tona com a ajuda da madrinha do pagode, Beth Carvalho.

E, a outra, trazia certa similaridade com certas bandas norte-americanas como os Temptations, Stylistics, Take 6 e Four Tops, mudando apenas a roupagem, gesto musical e a base rítmica que, dessa vez, fica mais próxima do pagode dos anos 80.

Muitos consideram que essa nova roupagem se assemelha muito mais ao pop do que ao pagode composto por Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Bezerra da Silva, entre outros.

O pagode dos anos 90 traz à sua música algo mais romântico, adocicado, assim como uma o uso de instrumentos eletrônicos para viabilizar grandes shows, como exemplo pode ser citado os teclados – por conta disso a similaridade com o pop.

Um dos principais propósitos dessa medita era competir, em números de shows feitos, com os sertanejos e, de fato, conseguiram, tendo em vista grandes nomes do pagode romântico como Raça Negra.

Conclusão

Hoje em dia, muito se é falado sobre pagode “raiz” e pagode “nutela”, no entanto, mais importante do que títulos é saber que a nossa voz é forte o suficiente para poder ser ouvida em alto e bom som!

Meu bom, vamos juntos, e de mãos dadas, espalhar a boa mensagem através de muitas festas e alegria, mostrando, sempre, que, com um batuque, não há mal que não se espante!

Abraços!

Reinan Santos

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